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MEDITAÇÕES

A Palavra de Deus é a relíquia das relíquidas, a única, na verdade, que nós, cristãos, reconhecemos e temos. (MARTIN LUTERO)

Um fantasma ?

Como era de se esperar, a morte de Jesus bagunçou a vida dos seus discípulos. Eles estavam com medo de serem os próximos da lista de presos e condenados à morte. Muitos deles ficaram trancados nas casas. Quem andava pelas ruas cuidava muito para não ser identificado. O risco era grande.

Já haviam verificado a notícia que as mulheres trouxeram. De fato, o túmulo estava vazio. Não sabiam o que pensar. Corria a notícia falsa de que eles mesmos, os discípulos de Jesus, haviam sumido com o corpo. Dois deles retornaram de Emaús e relataram que o haviam reconhecido depois de caminhar com ele e ter ouvido as suas explicações sobre as Escrituras Sagradas. “O nosso coração queimava dentro do peito”, disseram. Mas aí, no partir do pão,  ele sumiu diante dos olhos deles. 

 

Seria um fantasma? Foi isso mesmo que pensaram quando Jesus, de repente, apareceu no meio deles. Para aquele grupo assustado ele disse: “Toquem em mim e vocês vão crer, pois um fantasma não tem carne nem ossos, como vocês estão vendo que eu tenho.” (Lucas 24.39)

 

Talvez, hoje, tenhamos mais dúvidas do que medo. Somos filhos de um tempo marcado por perguntas científicas. Estamos mais interessados em saber se a ressurreição é algo possível do ponto de vista da ciência. Parece-nos mais aceitável que os discípulos de Jesus tiveram uma ilusão de ótica, um delírio coletivo ou algo parecido.

 

Em 26 de junho de 2000, na emissora de TV americana ABC, em entrevista ao apresentador Peter Jennings, a pesquisadora e especialista em Novo Testamento, que não é cristã, disse: “As palavras (das testemunhas) me mostram que elas viram o Jesus ressuscitado. É o que elas dizem e todas as evidências históricas posteriores atestam sua convicção de que foi o que viram. Não estou dizendo que elas realmente viram o Jesus ressuscitado. Eu não estava lá. Não sei o que elas viram. Mas, como historiadora, sei que devem ter visto alguma coisa.” (www.christianitytoday.com).

 

O personagem Hamlet, da peça teatral do escritor inglês Shakespeare, tenta convencer o seu cético amigo, Horácio, das aparições “maravilhosas e estranhas” do seu pai morto. Ele provoca a fé do seu amigo dizendo as seguintes palavras: “Há mais coisas no céu e na terra, Horácio, do que você sonha em sua filosofia.”

 

Talvez nós devêssemos deixar mais espaço em nossas vidas para os grandes mistérios divinos e os pequenos milagres diários da vida. Talvez seja a hora de sonhar mais alto, mais longe e maior do que os nossos conhecimentos e filosofias jamais ousaram antes. Sonhar com os pés no chão, sim, mas com o coração e a mente abertos para as surpresas de Deus. Há mais! Certamente muito mais do que nossa filosofia supõem.

 

A essência da fé é confiança e certeza de coisas que apenas esperamos e ainda não podemos ver (Hebreus 11.1). É por isso que o Jesus ressuscitado do evangelho de João diz: “Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram” (João 20.29). Nós estamos entre aqueles que não viram.

 

Alguns conseguem crer com maior facilidade. Outros continuam procurando respostas para as suas dúvidas. O teólogo William Barkley, falando sobre Tomé, que precisava tocar para crer, escreveu: “Há mais fé em uma dúvida honesta do que em metade dos credos.” Também essas pessoas que carregam dúvidas podem ficar diante de Jesus e exclamar com Tomé: “Meu Senhor e meu Deus!” (João 20.28)

Pastor Luis Henrique Sievers


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