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MEDITAÇÕES

A Palavra de Deus é a relíquia das relíquidas, a única, na verdade, que nós, cristãos, reconhecemos e temos. (MARTIN LUTERO)

Ômega, a última letra

O “ômega” é a última letra do alfabeto grego, que começa com o “alfa”. O alfabeto da língua portuguesa vai de “a” a “z”.  Com suas letras formulamos sílabas, palavras, frases, expressões e conceitos. Mas, qualquer que seja o alfabeto, ele tem o seu início e o seu fim; seu “alfa” e seu “ômega”, seu “a” e seu “z”. Dentro desses limites, formulamos e expressamos o que sentimos e pensamos. Tem sentido. Posso me comunicar com as outras pessoas. Compreender e ser compreendido.

Assim é também com a vida. Tem seu começo e seu fim. É transitória. A morte faz parte do pacote. Quem aceita viver tem que saber morrer, contar com o seu “ômega”. Não somos Deus. A imortalidade não faz parte dessa vida. Vida humana é sempre limitada. Como no alfabeto, escrevemos a história da nossa vida entre um princípio e um fim. Quem sabe contar com o seu fim se torna uma pessoa sábia (Salmo 90.12). O “ômega” não deveria levar as pessoas ao desespero. Ele quer ajudar a dar sentido aos seus dias, no espaço e no tempo.

Embora a morte atinja a todos os seres vivos, para o ser humano, que tem consciência dela, é diferente morrer com Deus ou sem Deus. A palavra “apocalipse” é injustamente usada para falar de um fim horroroso e catastrófico. Essa palavra grega significa, na verdade, “revelação”. No início do último livro da Bíblia lemos: “Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que é, que era e que há de vir.” (1.8) São palavras de consolo. Não promovem o desespero, mas a esperança. Não é o caos e o nada que vão prevalecer. É Deus que há de vir em socorro da sua criação. Ele reinará “assim na terra como no céu” (Pai Nosso).

A Bíblia conhece a morte como um sono (1 Tessalonicenses 4.13). O despertar deste sono para uma nova vida é chamado de “ressurreição”: “Pelo seu poder Deus ressuscitou o Senhor e também nos ressuscitará a nós.” (1 Coríntios 6.14) Não se trata da recauchutagem de um pneu velho que continua rodando. Não é reavivamento de defuntos. É nova criação! Como no princípio também no fim.

O reformador Martin Lutero se expressou da seguinte forma: “No nosso caso, mais da metade da ressurreição já é fato consumado, pois a cabeça e o coração já estão lá no alto, restando apenas a menor parte, ou seja, que o corpo seja enterrado, para que também este seja renovado.” (CF83, 09/04) Por dentro e por fora, tudo novo!

 

Não é o “ômega”, o fim, a morte, que prevalece. No princípio e no fim está Deus, criador e mantenedor da vida.

Não há motivo para desespero, mas para uma firme esperança. Nossa tarefa é consolar e incentivar as pessoas: “Portanto, animem uns aos outros com essas palavras.” (1 Tessalonicenses 4.18) É preciso manter cabeça e coração voltados para essa nova vida. Já podemos viver dessa esperança, dar “sinais de paz e de graça, neste mundo que ainda é de Deus. Em meio aos poderes das trevas manifestam-se as forças dos céus.” (HPD1, hino 165).

 

P. Luis Henrique Sievers

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